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terça-feira, 20 de maio de 2014

A Helena mais nobre de "Em Familia"

Manoel Carlos resolveu se despedir das novelas de uma maneira um pouco diferente do que ele costuma fazer, mas ao mesmo tempo sem deixar seu estilo ja consagrado de lado.
Das minhas percepções de fã e conhecedora de teledramaturgias, em especial as do Maneco, posso afirmar que ele juntou um pouco de cada sucesso em uma so história. Ou melhor: Em uma só família.
Novela de um núcleo só já é algo incomum, e para confirmar mais ainda o seu talento o autor reuniu temas, mesmo que alguns sutilmente abordados, de outras dramaturgias já escritos por ele. Vamos ver alguns exemplos?
1 - Filha se envolve com ex namorado da mãe. Em "Laços de Familia" Camila (Carolina Dieckmann) se apaixona por Edu (Reynaldo Gianecchine) fazendo com que Helena (Vera Ficher) abrisse mão do seu sentimento por amor a filha. Ali a diferença de idade era entre o Edu e Helena. E não houve passagem de tempo. Mas todas essas características se ligam.
2 - Duas mulheres se apaixonam, assim como em "Mulheres Apaixonadas". Nada fora do comum. Mas Maneco deu uma apimentada fazendo uma das personagens ser casada e ter um filho pequeno. Aliás, o nome do personagem que faz o marido é Cadu, que por coincidência é interpretado também por Giane.
3- Vamos continuar em "Mulheres Apaixonadas" onde tinhamos três irmãs que geravam um conflito para a novela tomar forma. Tinhamos também amor entre primos e alcoolismo. Assim como temos em "Em Família".
4 - O amor doentio de uma ex namorada. Em "Por Amor" tivemos Laura, também vivida por Vivianne Pasmanter, eternamente apaixonada por Marcelo (Fábio Assunção).
Bom, não vou citar todos aqui, mas já é possível ver que a ideia do Maneco foi colocar em sua ultima novela um pouquinho de cada história que ja nos proporcionou nesses longos anos de carreira.
E eu vou um pouquinho além do que talvez seja menos visível. A Helena interpretada por Júlia Lemmertez é mais recentida e menos generosa. E isso também na relação com a sua filha. Suas dores são mais importantes que o futuro que pode construir. E seu egoísmo a faz querer que todos ao seu redor calem sobre o passado que a tanto a tormenta. Comparada as outras Helenas, que também guardavam dores do passado, essa não sofre calada como as anteriores.


Não julgando se isso é certo ou errado, ate porque uma personagem não é obrigada a ser igual a outra. Mas o meu sentimento ao assistir a novela é que a verdadeira Helena, aquela que estamos acostumados a ver, é a personagem Chica (Natália do Vale). Em dois capítulos seguidos tivemos cenas de amor e compreensão com os filhos. A primeira foi ao ouvir Clara (Giovanna Antonelli) falar ao telefone com Marina (Tainá Müller) e questionar a filha sobre seu envolvimento com a fotógrafa. E mesmo admitindo seu preconceito, viveu um momento emocionante ao entender toda a confusão que vem dominando sua cabeça e coração. A segunda foi com Felipe (Thiago Mendonça). Ela fez o filho ajoelhar e prometer que iria tratar o alcoolismo. Mas uma cena de tirar o fôlego. 


"Em Família" tem sido criticada negativamente pela sua lentidão. E em partes concordo. Mas existe espaço para a explosão. E eu estou ainda na esperança desse momento. O grande ápice pode ser com Laerte (Gabriel Braga Nunes) expondo uma "vilania". Ou pelo menos chamando Luiza (Bruna Marquezine) de Leninha.
De qualquer maneira esse estilo rotineiro é a marca de Manoel Carlos. E existe algo mais comum que conflitos familiares?

(Mariana Berardinelli)